Foto: @rona_jrSandy foi recebida calorosamente pelos fãs nordestinos

Sandy foi recebida calorosamente pelos fãs nordestinos

Sandy quer respeito. A cantora, hoje com 28 anos, se sente incomodada com a imagem de menina meiga que o Brasil viu crescer e sabe da necessidade de mostrar que vive outra etapa profissional. Recentemente, foi “devassa” numa propaganda de cerveja e gerou incômodo ao revelar que não gosta de sertanejo – gênero que consagrou seu pai e sua própria carreira, no início. Nessa entrevista concedida por telefone à Folha de Pernambuco, Sandy fala sobre as novidades que cercam seu momento profissional e pessoal desde o lançamento de “Manuscrito”, seu primeiro disco solo, que ela apresenta hoje, em show no Chevrolet Hall.

Depois de um ano do lan­çamento de “Manuscri­to”, como você avalia es­se trabalho hoje?
Durante o processo de composição e produção, esse dis­co representa muitas incertezas. Agora, ele representa uma sensação de tranquilidade. Eu me surpreendi muito com a recepção do álbum, tanto de público quanto de vendagem. Ele atingiu a marca de 80.000 cópias vendidas [o trabalho alcan­çou disco de platina] e eu não esperava por isso. Além disso, é um disco que mostra que es­tou fazendo música para me divertir, para quem quiser ouvir.

E como vem sendo a ex­periência do show solo? Há um quê de solidão em excursionar sozinha depois de tanto tempo ao la­do do seu irmão?
Tem, sim, é um sentimento bem diferente, mas está sen­do muito legal. É gostoso ter tudo nas suas mãos, tomar as decisões sozinha. Eu precisa­va disso. Já tinha feito uma tur­nê solo, a de jazz, entre 2005 e 2007, que já deu para experimentar bastante dessa situação. Mas agora sinto que es­tou muito mais solta no pal­co, mais segura.

E o público, você já nota uma renovação?
Há muitos fãs da época da dupla, mas é visível que há outro público, da minha idade ou mais velho, curtindo esse trabalho. Fizemos uma pesqui­sa e descobrimos que a faixa etária média das pessoas que vão ao show é entre 25 e 40 anos. E entre eles, muitos casais, que não existia muito na época de Sandy e Junior. Casais héteros e gays, o que eu acho bem legal.

Desde a época do Sandy e Junior, você investe em videoclipes. Do “Manuscrito”, você lançou “Pés Can­sados” e “Quem eu Sou”. Qual a importância pa­ra você de pensar em ima­gens para suas canções? Você dá palpite na produção dos vídeos?
Sim. Eu procuro ter a concepção de tudo hoje em dia. Gosto de pensar, discutir e sa­ber que essas ideias estarão nas mãos de pessoas que con­sigam captar bem a inten­ção e executar de uma forma le­gal. Nos últimos anos da du­­pla, o Junior e eu começamos a ter mais independência nesse sentido. Com o “Manuscrito” pude trabalhar isso de outra forma, sozinha.

Seu show tem alguns co­vers bem distintos. Tem Lenine (“Hoje Eu Quero Sair Só”), Oasis (“Wonder­wall”), Corinne Bailey Rae (“Put Your Records On”), entre outros. Como foi a escolha dessas músicas? Elas refletem o que você gosta de ouvir em casa?
Exatamente. Além disso, tomei o cuidado de escolher músicas que as pessoas pudessem conhecer também e cantar junto. Demos novos arranjos a todas elas e vejo que o público está sendo bem receptivo com elas.

Então fica claro que sua preferência, para além do seu trabalho, é pop e rock Numa entrevista recente ao Jô Soares, você decla­rou não gostar de música sertaneja e isso foi bastan­te comentado. A reper­cussão dessa declaração te surpreendeu?
Nossa, muito. É nesses momentos que eu lembro como essa cobrança é grande. Talvez pela história do meu pai e do meu tio, que eu admiro muito. Gosto e respeito o trabalho dos dois, em específico. E respeito o gênero, sei bem o valor dele. Só não é o que eu gosto de ouvir, entende? Fiquei um pouco assustada.

Essa é a turnê que mar­ca seu novo momento, mas há duas músicas de Sandy & Junior no repertório (“Quando Você Pas­sa” e “Estranho Jeito de A­mar”). Não ficou com re­ceio de colocá-las nes­se show?
Olha, fiquei com muito me­do, sim. Pensei que isso pode­ria confundir as pessoas. Que­ro e preciso mostrar meu novo tra­balho, mas ao mesmo tem­po, não posso – e não quero – renegar o meu passado. Afinal, há muita gente que vai a esse show, que era fã da du­pla. E eu tenho muito orgulho da história que construí com o meu irmão, e muitas das mú­sicas que fizemos juntos ain­da me emocionam. Não tem por que não cantar.

Imagino que deve ser bastante incômodo para uma pessoa com 28 anos ainda lidar com a cobrança de uma imagem de me­nina angelical. Aceitar fa­zer a propaganda da cer­veja “Devassa” foi uma for­ma de tentar driblar es­se rótulo?
Juro que não pensei nisso na hora de aceitar fazer. Chegou o convite, analisei e considerei que aceitar seria bem mais positivo que negativo. Eu me identifiquei com a proposta, era algo divertido. E, cla­ro, a parte financeira foi muito boa, não vou negar. Mas, se em algum momento essa a­ção vier a contribuir para apagar essa imagem, que é chata mesmo, é lucro para mim.

Recife sempre foi uma praça muito calorosa na época da dupla. O que es­pera do show daqui?
Confesso que estou bastante curiosa. Minhas experiências no Nordeste sempre fo­ram muito marcantes, de gran­des plateias em lugares pú­blicos e casas de shows lo­tadas. Lembro do show no Mar­co Zero, no Classic Hall… Antes se chamava Classic Hall, né? Os fãs nordestinos são muito calorosos, até pelo Twitter dá para notar no pessoal uma ansiedade grande. Só fico preocupada com muita euforia, afinal esse show não é um show agitado como os da dupla. Espero que os fãs entendam.

Serviço
Show de Sandy e Luiza Possi
Quando: sexta (03), a partir das 21h
Onde: Chevrolet Hall
Ingressos: R$ 25 (pista meia-entrada), R$50 (pista inteira) e R$400 (mesa para quatro pessoas); camarotes para 10 pessoas estão por R$800 (1º piso), R$600 (2º piso) e R$500 (3º piso). À venda no local e lojas Renner.
Informações: 3427 7500